Antes de falar sobre a importância de pensar em Segurança da Informação, é essencial conceituar o que este termo quer dizer. Segurança da Informação refere-se a um conjunto de práticas e estratégias destinadas a proteger os dados e sistemas de uma empresa contra acessos não autorizados, violações, modificações ou destruição.
Muitas pessoas e empresas acreditam, contudo, que a segurança da informação refere-se apenas ao meio on-line, contudo, todas as práticas tecnológicas e aquelas realizadas “off-line” como armazenamento de informações em arquivos físicos, documentos impressos etc., são também abrangidos.
Os principais pilares da segurança da informação são a confidencialidade, que dispõe que apenas pessoas autorizadas devem ter acesso aos dados; a integridade, que diz que a informação não deve ser alterada indevidamente, ou seja, sem necessidade e de qualquer forma; e a disponibilidade, que garante que os dados devem estar acessíveis sempre que necessário e, principalmente, às pessoas que precisam ter acesso a eles. Esses três conceitos formam a base de qualquer política de segurança eficaz e precisam ser tratados com seriedade para minimizar riscos e até mitigar danos.
Desde 2022, o número de vazamentos de dados tem aumentado de forma significativa, com diversos incidentes de grande escala sendo reportados pelo mundo. Segundo o relatório anual de violação de dados da IBM, o custo médio global de um vazamento de dados chegou a US$ 4,88 milhões em 2024, sendo o total mais alto dos últimos tempos.
Já no Brasil, os prejuízos têm sido igualmente alarmantes, com a média de gasto de R$6,75 milhões por incidente. O aumento na frequência e gravidade desses vazamentos destaca a necessidade urgente de medidas de segurança mais robustas para proteger as informações das empresas e de seus clientes, incluindo dados pessoais. Uma outra informação que chama atenção neste relatório é que mais da metade das empresas que sofreram violações demonstraram não possuir skills necessárias em cibersegurança e 46% das violações envolveram, de alguma forma, dados pessoais.
Medidas básicas de segurança da informação podem e ajudam a prevenir incidentes. O uso de senhas fortes, contendo ao menos 8 caracteres, incluindo especiais, números e letras maiúsculas e minúsculas; a adoção de autenticação multifator (MFA) com a utilização de aplicativos próprios para isso; e a criptografia de dados são passos fundamentais para impedir acessos não autorizados e proteger o negócio. Além disso, a atualização regular de sistemas e softwares para corrigir vulnerabilidades conhecidas também é essencial. Outro ponto que pode ser realizado é o monitoramento contínuo de redes e a implementação de firewalls e antivírus atualizados, pois ajudam a formar uma base estratégica de defesa eficaz. Essas práticas aparentemente tão simples auxiliam (e muito!) as empresas a se protegerem de muitas ameaças comuns, principalmente no ambiente digital.
Uma das medidas mais eficazes, porém, muitas vezes é negligenciada: conscientização e treinamento dos colaboradores. De acordo com a Verizon, em 2023 cerca de 74% dos vazamentos de dados envolveram o fator humano, como erros de funcionários ou ataques de phishing aplicados por cibercriminosos.
Isso demonstra a importância de treinar os colaboradores para conscientizá-los sobre práticas do dia a dia que ajudam a reconhecer ameaças, seguindo protocolos de segurança, que muitas vezes são até básicos, mas fundamentais. Diante disso, é perceptível que treinamentos regulares ajudam a reduzir os riscos, já que muitas vezes os cibercriminosos se aproveitam da falta de conhecimento ou falhas no comportamento dos funcionários.
No contexto da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a segurança da informação se torna ainda mais crucial. A LGPD impõe uma série de obrigações para garantir que os dados pessoais sejam tratados de forma segura e em conformidade com a legislação. As empresas que não adotarem medidas de proteção adequadas podem enfrentar sanções severas, incluindo multas, além de danos que podem ser irreparáveis à sua reputação. Portanto, a implementação de uma política de segurança da informação alinhada à LGPD é fundamental para proteger não apenas os dados, mas também o negócio como um todo.
Outro ponto importante a ser considerado é o planejamento para resposta a incidentes de segurança. Mesmo com medidas preventivas, as empresas podem enfrentar tentativas de invasão ou vazamentos de dados. Ter um plano de resposta a incidentes bem estruturado, que inclua ações rápidas de contenção e mitigação de danos, notificação às partes afetadas e à Autoridade Nacional de Proteção de Dados, bem como a revisão dos processos internos, pode reduzir significativamente os impactos financeiros e operacionais de um ataque. A possibilidade de responder de forma rápida e eficiente muitas vezes ajuda a determinar o grau do dano que a empresa pode sofrer após um incidente.
Pensar em segurança da informação no contexto da proteção de dados é uma estratégia indispensável para a continuidade dos negócios. Consumidores e parceiros estão cada vez mais atentos à forma como as empresas lidam com suas informações e dados pessoais, e uma falha de segurança pode significar a perda de confiança perante o mercado. Portanto, a proteção de dados não deve ser vista apenas como uma obrigação legal, mas como uma oportunidade de fortalecer a marca e o relacionamento com o mercado.
Por fim, a segurança da informação não é apenas uma questão técnica, mas também estratégica. Ao adotar uma cultura de proteção de dados, com políticas claras, investimentos em tecnologia e treinamento contínuo, as empresas não só minimizam os riscos de ataques cibernéticos, mas também fortalecem sua posição no mercado, garantindo que estão em conformidade com a legislação e demonstrando que protegem ativos valiosos: os dados.
Por Ana Luiza Silveira