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Quanto custa se tornar uma subadquirente ou subcredenciador?

Essa é, sem dúvida, uma das perguntas mais recorrentes que ouvimos no escritório. Seja você um empreendedor querendo entrar no mercado de pagamentos ou uma fintech estruturando seu modelo de negócio, cedo ou tarde vem a dúvida: “Tá, mas quanto custa ser uma subadquirente?”

A resposta é: depende, mas dá pra ter uma boa ideia.

Antes de falarmos de números, é importante entender o que isso significa na prática.

O que é uma subadquirente?

    Subadquirente, ou subcredenciador, é quem faz a ponte entre o lojista (estabelecimento comercial) e a adquirente (como Cielo, Rede, Stone, Getnet, etc.). Ela cuida da relação com o lojista, faz a captura da transação, e repassa à adquirente, que liquida a operação.

    Se você já viu um nome como “PagSeguro”, “Mercado Pago” ou até fintechs menores em maquininhas ou checkouts online, provavelmente está vendo uma subadquirente em ação.

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    O que você precisa para se tornar uma?

      Para operar legalmente como subadquirente, você precisa basicamente de quatro pilares:

      1. Contrato com uma adquirente: É quem vai realmente processar os pagamentos. Sem essa parceria, você não consegue liquidar as transações.
      2. Software de captura (gateway ou motor de pagamentos): É o sistema que vai registrar as transações dos seus lojistas e fazer a integração com a adquirente.
      3. Conformidade com o PCI/DSS: É o padrão de segurança para armazenamento, processamento e transmissão de dados de cartão.
      4. Filiação às bandeiras: Visa, Mastercard, Elo, etc. Cada uma cobra sua própria anuidade e tem exigências técnicas.
      5. Quando se tornar uma Subadquirente?

      Nem toda empresa precisa, ou deve, virar uma subadquirente. Em muitos casos, atuar como parceiro de uma subadquirente já estruturada (via white-label, por exemplo) resolve o problema com muito menos custo e risco.

      Mas há situações em que fazer esse movimento vale muito a pena:

      • Você já tem uma base relevante de lojistas ou clientes PJ e quer monetizar o volume transacional deles;
      • Você já oferece tecnologia (ERP, e-commerce, PDV, app bancário, etc.) e quer integrar pagamentos para controlar a jornada do usuário;
      • Você quer diferenciar seu serviço com antecipação, split, ou gestão de recebíveis, mas esbarra nas limitações de parceiros;
      • Você quer maior margem sobre as transações, especialmente se o volume já for alto;
      • Você quer controlar o fluxo financeiro (liquidação, taxas, repasses) com mais autonomia e flexibilidade.

      Em suma, quando o volume justificar o investimento e a operação estiver pronta para assumir as responsabilidades de um participante relevante no mercado de pagamentos, ser subadquirente deixa de ser custo e vira alavanca de crescimento.

      Agora sim: vamos aos custos.

      Quanto custa entrar nesse jogo?

        1. Custo com a Adquirente

        Esse é geralmente um modelo de revenue share, ou seja, divisão de receitas. A adquirente cobra um percentual por transação, que geralmente fica entre 0,3% a 0,8% do valor transacionado. Algumas também exigem mínimo mensal de volume (ex: R$ 500 mil em transações por mês) ou cobram setup inicial.

        Além disso, muitas exigem uma garantia financeira (escrow, fiança bancária ou seguro garantia) para mitigar risco de chargeback. O valor depende do seu modelo de negócio e do risco percebido pela adquirente.

        2. Custo com Software de Captura

        Se você não vai desenvolver o seu próprio motor de pagamento (o que pode ter um custo elevado), vai precisar contratar um gateway ou white-label de tecnologia. Os custos são variados, mas os médios são:

        • Setup: de R$ 10 mil a R$ 50 mil;
        • Mensalidade: R$ 2 mil a R$ 15 mil;
        • Tarifa por transação: R$ 0,05 a R$ 0,15 por transação ou % do volume.

        3. Custo com PCI DSS

        Essa certificação é obrigatória para operar com dados sensíveis de cartão. Se você for armazenar ou processar dados diretamente, prepare-se para:

        • Auditoria inicial: varia de acordo com nível da certificação PCI/DSS exigida pela bandeira e pode ter variação entre R$20 mil e R$ 100 mil; 
        • Manutenção anual: entre R$ 10 mil e R$ 70 mil, a depender do nível da certificação PCI/DSS;
        • Equipe ou consultoria de segurança dedicada.

        Se operar via parceiro (como um gateway PCI-compliant), esse custo pode ser terceirizado ou reduzido — mas atenção: você ainda será responsável contratualmente pela conformidade.

        Além disso, recentemente houve mudanças nas regras das bandeiras e a maioria não está aceitando PCI/DSS de terceiro, mesmo que parceiro da empresa. 

        4. Custo com Bandeiras

        Cada bandeira cobra uma anuidade e possui custos técnicos de integração.

        • Visa e Mastercard: a partir de R$ 20 mil por bandeira/ano;
        • Elo e Hipercard: valores variáveis, mas geralmente na mesma faixa;
        • Setup técnico e testes de homologação podem custar entre R$ 10 mil e R$ 30 mil por bandeira;

        5. Custo com a Registradora

          Desde a regulação do Banco Central sobre o mercado de recebíveis de cartão (especialmente com a Resolução BCB nº 150, de 2021), todas as transações parceladas com cartão de crédito precisam ser registradas em registradoras autorizadas pelo Bacen (como CIP, TAG, CERC).

          A Subadquirente é responsável por garantir que o valor que o lojista tem a receber esteja devidamente registrado. Isso viabiliza, por exemplo, a antecipação de recebíveis e o controle de risco do sistema.

          Quais os custos envolvidos?

            Os custos com a registradora variam, mas envolvem basicamente:

            • Tarifa por transação registrada (normalmente por faixa de volume, iniciando em centavos)
            • Tarifa de adesão ou mensalidade (em alguns modelos, pode haver uma cobrança mínima mensal)
            • Custos com integração técnica (desenvolvimento, APIs e eventuais intermediários técnicos)

            Na média, o custo por transação gira entre R$ 0,02 a R$ 0,10, dependendo do volume, da registradora escolhida e da forma de contratação (direta ou via um gateway/PSP).

            Outros custos indiretos que você precisa considerar:

              • Compliance e Jurídico: contrato com lojistas, políticas de chargeback, LGPD, Prevenção a Lavagem de Dinheiro e Financiamento ao Terrorismo, Segurança Cibernética, Antifraude, Termos de Uso de Plataformas, Manuais de Avaliação de Riscos Internos, KYC, KYP, KYE, KYS, . .
              • Gestão de Risco e Antifraude: contratar uma ferramenta antifraude ou desenvolver internamente (R$ 3 mil a R$ 20 mil/mês, dependendo do volume)
              • Operação de Liquidação: conta bancária em nome da sub, fluxo de liquidação com split, antecipação de recebíveis.
              • Suporte e atendimento: equipe para atendimento ao lojista e resolução de disputas.

              Conclusão: Quanto custa?

                Para colocar uma operação de subadquirência básica em pé, o investimento inicial realista começa em torno de R$ 200 mil a R$ 500 mil, dependendo do nível de personalização e do porte da operação.

                Vale a pena?

                Depende. Se você já tem uma base de lojistas, um ecossistema (como plataforma de e-commerce, banco digital, sistema de gestão ou marketplace), pode fazer bastante sentido verticalizar a operação de pagamento. A margem é pequena por transação, mas o volume faz a diferença, e o controle sobre a jornada financeira do seu cliente é um diferencial competitivo poderoso.

                Mas se estiver começando do zero, talvez seja melhor atuar como um agregador white-label ou parceiro de um subadquirente já estruturado. 

                Se você está pensando em entrar nesse mercado, conte com orientação jurídica especializada para estruturar sua operação com segurança e clareza regulatória. Não é só uma questão de “montar a estrutura”, é também sobre assumir riscos, responsabilidades e garantir conformidade com Bacen, bandeiras e LGPD.

                Importante lembrar: todos os custos apresentados ao longo deste artigo são estimativas médias, obtidas com base na prática de mercado e na experiência com nossos clientes. No entanto, os valores reais podem variar significativamente conforme o modelo de operação, volume transacionado, estrutura tecnológica da empresa, porte do negócio, bandeiras que se deseja credenciar e perfil de risco da operação.

                Além disso, as propostas comerciais dos fornecedores, adquirentes, softwares, consultorias de compliance, certificadoras PCI, registradoras etc., são sempre personalizadas. Isso significa que cada empresa receberá uma oferta diferente, negociada caso a caso.

                Por isso, é fundamental fazer uma análise jurídica e estratégica cuidadosa antes de estruturar sua operação como subcredenciadora. Se estiver avaliando esse caminho, podemos ajudar desde o mapeamento regulatório até a modelagem contratual e negociação com os players do ecossistema.

                Quer saber qual caminho faz mais sentido para seu negócio? Conte com a NDM para te ajudar nessa jornada.

                Por Jhenifer Silva

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