Como garantir proteção de dados da sua IA na prática?


Escrito por Maria Andrade, advogada especializada em proteção de dados para empresas de tecnologia e fintechs na NDM Advogados.
Há mais de 10 anos oferecemos assessoria jurídica e contábil completa para empresas tech crescerem com segurança e poderem focar no que importa.
Atualizado em 01/12/2025
Empresas que desenvolvem soluções de Inteligência Artificial, seja como produto principal, como API, ou como funcionalidade dentro de um software maior, precisam lidar com um desafio que vai muito além da performance técnica dos modelos: como garantir a proteção de dados da sua IA e torna-lá realmente compatível com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Ao desenvolver um sistema de IA, sua empresa estará assumindo o risco de tratar dados pessoais em volume e profundidade, e muitas vezes em contextos sensíveis. Por isso, ao contrário do que muitos founders imaginam, conformidade não é algo que se “tira da frente” com uma política de privacidade genérica ou uma cláusula contratual padrão, mas sim exige estrutura, método, documentação e governança contínua.
Este guia foi escrito justamente para empresas que estão construindo IA como produto, como startups SaaS, healthtechs, edtechs, plataformas de automação ou modelos proprietários utilizados em escala.
Aqui você vai entender, de forma prática, como aplicar a LGPD ao desenvolvimento e operação do seu modelo.
Para empresas que constroem soluções de inteligência artificial, o Privacy by Design é o alicerce técnico-jurídico do produto. Isso significa que a privacidade precisa ser tratada como requisito de arquitetura, e não como “ajuste final” antes do lançamento.
Na prática, aplicar Privacy by Design ao desenvolvimento de IA envolve:
Negligenciar o Privacy By Design pode acelerar o desenvolvimento do seu produto inicialmente, mas vai te gerar retrabalhos mais caros no futuro e pode te levar a perder oportunidades com clientes ou parceiros chave por não conseguir comprovar como você garante a segurança das informações compartilhadas.
Um passo muito importante para a proteção de dados é o mapeamento completo dos processos de tratamento de dados pessoais. É preciso identificar, de forma precisa, quais dados a IA coleta, processa, armazena e transforma, tanto na fase de treinamento quanto na fase de operação.
Esse mapeamento envolve:
Com o mapeamento você poderá documentar, de forma clara e estruturada, todas as formas que a sua empresa realiza o tratamento de dados pessoais. A intenção dele é refletir, exatamente, como funcionam seus processos atualmente, sem qualquer inclusão de medidas que não são aplicadas, ou a separação de cargos ou setores que, na realidade, são exercidos pela mesma pessoa.
A LGPD determina que só podem ser utilizados os dados estritamente necessários para atingir a finalidade pretendida.
No contexto da IA, isso se conecta diretamente à qualidade e à profundidade dos datasets.
Por isso, são boas perguntas para fazer durante o desenvolvimento:
Dados sintéticos têm ganhado espaço justamente porque reduzem riscos, aumentam a escalabilidade do treino e evitam a exposição desnecessária de informações pessoais.

Um aviso importante é que, não é todo processo de tratamento ou coleta de dados pessoais que será necessário pedir o consentimento do titular. O consentimento é apenas uma das 11 bases legais previstas na LGPD e usada apenas em casos muito específicos.
No entanto, se a base legal envolvida for o consentimento, a empresa desenvolvedora da IA precisa estruturar processos claros para obter, registrar, atualizar e revogar consentimentos.
Isso não significa apenas disponibilizar um checkbox. Significa garantir:
Empresas que oferecem IA B2B muitas vezes precisam equilibrar suas obrigações com as obrigações dos clientes, o que reforça a importância de contratos bem escritos e mecanismos técnicos bem definidos.
Um dos maiores desafios da IA é que ela muda ao longo do tempo. Modelos aprendem, adaptam-se a novos dados e podem desenvolver vieses que não existiam no lançamento.
Por isso, empresas que desenvolvem IA precisam estruturar mecanismos de:
Todos esses mecanismos buscam atender à obrigação prevista na LGPD que o titular entenda como e por que seus dados estão sendo utilizados, mesmo quando decisões são automatizadas.
Isso envolve duas frentes complementares:
A empresa deve ser capaz de explicar:
Isso não exige divulgar segredos industriais, mas exige sim documentação clara, verificável e acessível.
Para produtos de IA, o Aviso de Privacidade se torna peça central da comunicação com titulares e com o mercado.
Ele deve informar, de forma simples e completa:
Esse documento aumenta a confiança do usuário, reduz riscos regulatórios e demonstra maturidade tecnológica, algo especialmente valorizado por investidores e clientes corporativos.
O desenvolvimento responsável exige que a segurança seja tratada como parte do design do produto. Além das práticas tradicionais de segurança, modelos de IA exigem atenção a riscos específicos, como:
A segurança precisa ser aplicada tanto no dataset quanto na infraestrutura do modelo, e reforçada por revisões técnicas constantes.

Mesmo o melhor modelo pode gerar riscos graves quando operado sem governança.
Empresas que desenvolvem IA precisam definir:
Isso demonstra maturidade interna e reduz drasticamente erros operacionais.
Dito isso, a automação se tornou uma aliada essencial para empresas que buscam escalabilidade sem comprometer a conformidade. Hoje, ferramentas jurídicas inteligentes conseguem:
A NDM desenvolveu soluções tecnológicas que auxiliam exatamente nesse processo e que tornam a adequação à LGPD mais rápida, acessível e contínua. Essas ferramentas são especialmente valiosas para startups que precisam conciliar velocidade de desenvolvimento com maturidade regulatória.
Para se desenvolver soluções de Inteligência Artificial com responsabilidade é necessário alinhar o desafio tecnológico com o compromisso com a segurança técnica, jurídica e a confiança do usuário.
Em um cenário em que a IA se integra a produtos, serviços e rotinas corporativas em velocidade acelerada, a LGPD deixa de ser uma obrigação meramente regulatória para se tornar um diferencial competitivo. Empresas que tratam a proteção de dados como parte essencial da arquitetura da sua IA conseguem reduzir riscos, acelerar auditorias, facilitar negociações com parceiros estratégicos e conquistar a confiança dos clientes desde o primeiro contato.
A adequação à LGPD no desenvolvimento de IA deve ser enxergada como um processo contínuo. Os modelos evoluem, os datasets mudam e as funcionalidades são aprimoradas; por isso, revisões periódicas, testes de segurança, monitoramento de vieses e atualizações dos documentos públicos não são opcionalidades, mas etapas permanentes do ciclo de vida da IA.
1. Modelos de IA precisam sempre ter um Aviso de Privacidade próprio?
Sim, pois coletam e tratam dados pessoais. O aviso deve descrever finalidades, bases legais, segurança e direitos do titular.
2. Posso treinar minha IA com dados públicos?
Depende: dados “públicos” não são automaticamente livres. É preciso avaliar finalidade, necessidade e risco.
3. É obrigatório ter RIPD para IA?
Quando houver alto risco, como decisões automatizadas ou dados sensíveis, o RIPD é recomendado e muitas vezes exigido.
4. Posso usar IA estrangeira sem violar a LGPD?
Sim, desde que haja garantias contratuais, medidas de segurança e análise de transferência internacional.
5. Quem é responsável por decisões automatizadas da IA: o desenvolvedor ou o cliente que usa a solução?
Ambos podem ser responsáveis. O desenvolvedor responde pelo produto; o cliente, por eventual uso indevido.
Por Maria Andrade
Advogada Especialista em Proteção de Dados para Startups e Fintechs
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