Compliance, Startups

COMO IDENTIFICAR RISCOS OPERACIONAIS NA SUA EMPRESA

Escrito por Marília Pavinski, advogada especializada em proteção de dados para empresas de tecnologia e fintechs na NDM Advogados.

Há mais de 10 anos oferecemos assessoria jurídica e contábil completa para empresas tech crescerem com segurança e poderem focar no que importa.

Atualizado em 17/11/2025

Inicialmente é importante esclarecer que a falta de análise dos procedimentos internos pode colocar sua empresa em risco. Muitos Gestores acreditam que possuem controle total sobre suas operações, mas sem um olhar técnico e independente, algumas falhas estruturais importantes e riscos estratégicos podem passar despercebidos.

Mas como fazer para se prevenir?

Neste guia, você vai entender como identificar riscos na sua operação, qual o papel das auditorias e como aplicar essas análises de forma estratégica para fortalecer governança, eficiência e credibilidade.

1.POR QUE IDENTIFICAR RISCOS OPERACIONAIS?

A ausência de uma avaliação periódica dos procedimentos internos pode expor a empresa a problemas graves, de inconsistências financeiras a riscos regulatórios e danos reputacionais.

Uma análise estruturada ajuda a responder:

  • Onde estão as vulnerabilidades do negócio?
  • Quais processos precisam de ajustes ou reforço?
  • Quais áreas oferecem maior segurança e maturidade operacional?

Além disso, empresas em fase de tração costumam crescer mais rápido do que conseguem estruturar seus controles internos. É exatamente nesse momento que os riscos operacionais aumentam…e que a auditoria se torna indispensável.

2.COMO IDENTIFICAR RISCOS NA SUA OPERAÇÃO?

A forma mais consistente de mapear riscos, avaliar controles e entender a aderência da sua operação às normas e boas práticas é por meio de uma auditoria estruturada.

A partir do Relatório da auditoria, a empresa consegue visualizar:

  • Quais pontos exigem correção ou melhoria.
  • Quais áreas estão mais suscetíveis a falhas.
  • Quais processos que já apresentam boa maturidade e aderência aos controles internos.

Ou seja, a auditoria é um instrumento estratégico de gestão, governança e conformidade, sendo essencial para qualquer negócio que deseja crescer com segurança e credibilidade.

3. TIPOS DE ANÁLISE

Auditoria Interna

Na auditoria interna, a análise é realizada pelos próprios colaboradores da empresa. No entanto, para garantir a independência e imparcialidade da verificação, o ideal é que o time de auditoria atue em um setor diferente daquele que está sendo analisado, sem subordinação direta aos gestores auditados.

As empresas que possuem um Programa de Compliance estruturado costumam ter um documento específico chamado Política de Auditoria Interna, que tem como objetivo definir:

  • Os objetivos da auditoria.
  • A periodicidade das análises.
  • E as responsabilidades da equipe envolvida.

Toda essa estruturação permite que a auditoria interna aja como uma primeira linha de defesa contra falhas e riscos operacionais, promovendo diligência e transparência em todos os níveis organizacionais da empresa.

Auditoria Externa

Já quando falamos em auditoria externa, também conhecida como auditoria independente, esta é realizada por uma empresa especializada terceirizada.

Pelo fato de não possuir vínculos com a empresa auditada, essa forma de auditoria garante imparcialidade total e é especialmente recomendada quando há:

A auditoria externa atua como uma validação independente da saúde financeira e operacional da empresa, fortalecendo a confiança de investidores, clientes e parceiros negociais.

4.COMO FAZER UMA AUDITORIA INTERNA: PASSO A PASSO

Criar uma auditoria interna eficiente exige método, independência e conhecimento técnico. Elaboramos um passo a passo completo para estruturar esse processo dentro da sua empresa.


1. Defina os objetivos e o escopo da auditoria

Todo processo começa pela clareza: qual área será auditada? Qual risco precisa ser avaliado? Qual é o resultado esperado?

Essa etapa deve considerar:

  • Os riscos estratégicos da empresa;
  • Os processos críticos;
  • As obrigações regulatórias;
  • As expectativas da Diretoria.

Tome cuidado ao definir escopos superficiais, ignorar processos sensíveis ou deixar de priorizar áreas estratégicas. Isso gera auditorias “no escuro”, sem foco real, e pode transmitir à Diretoria uma falsa sensação de segurança.

2. Planeje a auditoria e estruture o cronograma

Com o escopo definido, é necessário criar:

  • O cronograma de atividades;
  • A metodologia baseada em risco;
  • Um checklist de processos e documentos;
  • A definição da equipe auditora (que deve ser independente);
  • Os critérios de materialidade e aceitabilidade de riscos.

Essa etapa de preparação é especialmente importante, pois quando o planejamento é inadequado, a auditoria se torna caótica, com atrasos, retrabalhos, análise superficial e falta de evidências. Além disso, sem independência real, há risco de vieses internos ou conflitos de interesse, prejudicando a credibilidade dos resultados.

3. Faça a reunião inicial com as áreas auditadas

A reunião inicial (kick-off) apresenta o objetivo, o escopo, a metodologia e esclarece dúvidas dos times. Também serve para alinhar expectativas e garantir cooperação das áreas envolvidas. 

Se prepare para nessa reunião mostrar o que pode ser esperado e manejar a resistência ou medo nas equipes, que estarão sob o estresse de serem avaliadas. A cooperação das equipes é importante para garantir a transparência na entrega das informações e a coleta de evidências.

4. Realize o trabalho de campo (fieldwork)

É a etapa central da auditoria, que envolve:

  • Análise de documentos e registros;
  • Entrevistas com colaboradores;
  • Verificação de processos;
  • Testes dos controles internos;
  • Avaliação de conformidade com políticas, normas e leis aplicáveis.

Estude com cuidado o setor, processo ou atividade que pretende auditar para que falhas não passem despercebidas, principalmente riscos sistêmicos, controles ineficazes ou inconsistências em evidências. Não confirme informações sem validar sua veracidade, pois isso pode comprometer todas as conclusões posteriores.

5. Registre não conformidades e evidências

Cada achado deve ser registrado de acordo com critérios técnicos:

  • Descrição objetiva da falha;
  • Risco envolvido;
  • Causa e consequência;
  • Evidências coletadas;
  • Impacto para o negócio.

Suas observações devem ser registradas de forma objetiva e completa. Um registro com falhas e incompleto prejudica a interpretação da Diretoria e pode resultar em ações corretivas equivocadas ou insuficientes.

6. Elabore o relatório final da auditoria

O relatório deve apresentar:

  • Constatações detalhadas;
  • Análise dos riscos;
  • Impacto para a organização;
  • Recomendações técnicas de melhoria;
  • Priorização por criticidade;
  • Mapa visual dos riscos identificados.

Traduza achados técnicos em linguagem clara para a Diretoria. Manter uma linguagem complicada pode levar a falhas de interpretação, decisões erradas e ações ineficazes.

7. Apresente o relatório à Diretoria e às áreas auditadas

A apresentação formal deve:

  • Contextualizar os riscos;
  • Justificar os achados;
  • Explicar o impacto para a empresa;
  • Orientar sobre medidas corretivas.

Seu objetivo nesta apresentação é apresentar seus achados e propostas de forma que não levante uma postura defensiva das áreas auditadas ou conflitos internos. Muitas vezes, a Diretoria fica com dúvidas ou perde a confiança no processo.

Muitas vezes, o relatório da auditoria pode ser visto como um preciosismo ou até mesmo um exagero, pois elenca sobre a necessidade de adequação de diversos procedimentos internos, nesse sentido, é importante que durante a apresentação, fique claro a razão pela qual esses processos precisam ser aprimorados, a fim de garantir o comprometimento da equipe e da Diretoria.

8. Faça o acompanhamento das ações corretivas

Auditoria também envolve acompanhar a implementação das correções. Isso exige:

  • Monitoramento de prazos;
  • Verificação de eficácia das medidas;
  • Reavaliações periódicas;
  • Comunicação contínua com as áreas responsáveis.

Sem acompanhamento profissional, ações ficam apenas “no papel”, não avançam ou não resolvem a causa raiz da falha. Isso aumenta o risco de reincidência e pode criar passivos operacionais, regulatórios e financeiros.

9. Reavalie periodicamente e inicie novos ciclos

A auditoria interna é parte de um ciclo contínuo de governança. Cada ciclo deve gerar aprendizados, ajustes no plano anual de auditoria e evolução dos controles internos.

Empresas que não dominam metodologias de melhoria contínua tendem a tratar auditoria como evento isolado, perdendo o principal benefício: a evolução permanente da maturidade de gestão e riscos.

5.QUAL TIPO DE AUDITORIA ESCOLHER?

Não há uma única resposta, tudo depende do objetivo da sua empresa. 

Quando falamos em monitoramento contínuo de processos, a auditoria interna é a mais recomendada, já quando estamos lidando com situações estratégicas específicas, como captação de investimento ou certificações, por exemplo, a auditoria externa pode ser mais eficaz.

O ideal é que ambas atuem de forma complementar, criando um ciclo de melhoria contínua, ou seja, a auditoria interna identifica falhas e propõe ajustes e a auditoria externa valida a evolução e reforça a credibilidade da empresa no mercado.

Se você precisa determinar qual tipo de auditoria é necessária para o risco que você precisa avaliar, existem diversos tipos de auditoria, que são aplicadas conforme a necessidade e maturidade da empresa, sendo as principais:

  • AUDITORIA CONTÁBIL: Foca na análise das demonstrações financeiras, conferindo a veracidade e a regularidade dos registros contábeis, sendo essencial para garantir transparência e prevenir fraudes financeiras.
  • AUDITORIA OPERACIONAL: Avalia a eficiência dos processos internos e a conformidade das rotinas de trabalho. Tem como objetivo aprimorar o desempenho e reduzir riscos operacionais.
  • AUDITORIA DE QUALIDADE: Verifica se os processos da empresa estão alinhados aos padrões de qualidade estabelecidos e normativos técnicos, como a ABNT NBR ISO 9001.
  • AUDITORIA EM COMPLIANCE: Analisa a aderência às normas legais e regulatórias aplicáveis a empresa, a aplicação das políticas internas, os controles internos e a atuação das áreas responsáveis por prevenção, detecção e resposta a irregularidades.

6. O QUE MINHA EMPRESA PRECISA FAZER DEPOIS DE UMA AUDITORIA?

A realização da auditoria é apenas o início do processo de melhoria. Após a sua ocorrência, será fornecido um Relatório que apresentará pontos fortes e as não conformidades, sendo de responsabilidade da empresa:

  • Corrigir imediatamente os processos deficientes.
  • Implementar planos de ação específicos.
  • E acompanhar, por meio de novos ciclos de auditoria, a efetividade das correções.

Frisa-se que as empresas que utilizam a auditoria como uma ferramenta estratégica possuem diversos benefícios, como, por exemplo, a redução de riscos, aumento da eficiência, fortalecimento da reputação e vantagem competitiva.

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Auditoria e Compliance

Um dos pilares fundamentais do Programa de Compliance é a auditoria, pois, sem ela, não é possível verificar se as políticas e procedimentos internos estão sendo aplicados corretamente, se os controles internos são eficazes e se a empresa está realmente comprometida com a ética e a conformidade.

7. CONCLUSÃO

Ressaltamos que a auditoria não deve ser vista como um custo para as empresas, mas sim, como um investimento e uma ferramenta essencial para garantir a confiança e sustentabilidade do negócio.

Se a sua empresa ainda não realizou uma auditoria, o momento é agora, e é extremamente importante contar com apoio jurídico especializado para esse momento, a fim de apoiar na criação de um plano de ação conjunto, bem como realizar a alteração de políticas internas, orientando sobre as melhores práticas.

FAQ — Perguntas frequentes

1. Com que frequência uma auditoria deve ser realizada?

Depende do porte e da complexidade da empresa. Em geral, recomenda-se auditorias internas periódicas e auditorias externas em momentos estratégicos.

2. Auditoria é obrigatória?

Em alguns setores regulados, sim. Em outros, é uma boa prática de governança que reduz riscos e dá mais segurança ao negócio.

3. A auditoria pode prejudicar a empresa?

Não. O objetivo é identificar pontos de melhoria, não punir. Quando bem executada, fortalece a operação.

4. A auditoria serve apenas para empresas grandes?

Não. Startups e empresas em crescimento se beneficiam — e muito — da auditoria, principalmente para atrair investimentos ou escalar com segurança.

5. Como escolher entre auditoria interna e externa?

Se o foco é monitoramento contínuo, a interna é mais adequada. Se o objetivo é validação independente ou atendimento a exigências regulatórias, a externa é o melhor caminho.

Por Marília Pavinski – Advogada Especialista em Compliance para Startups e Fintechs

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